terça-feira, 18 de outubro de 2011

Show do Sepultura, Andreas, Derick e outros monstros bíblicos

Maldita estava fazendo apresentações pelos bares do sul (aonde as mulheres são mortas como criaturas inúteis ao mundo quando ultrapassam a idade de procriar) quando ficamos sabendo que o Sepultura iria se apresentar no domingo. Entramos em contato com o Andreas Kisser e ele nos liberou entradas para a banda e a nossa equipe. Em agradecimento fiquei de levar um presente para ele que iria lhe entregar após o show. Nada demais, apenas uma lembrancinha.
No meio do caminho parei para comprar cerveja e enchi o saco de Heineken. Chegando no local, encontrei com nosso fã e grande amigo Adson. Tomamos mais umas três ou quatro cervejas do lado de fora enquanto observávamos a enorme fila, inteira de preto que também embriagados, seja de álcool, ou seja de emoção ficavam berrando "Sepultura! Sepeltura" nos portões. Na sequencia chegou o Stanley ( que além de produzir o Nero, produziu também o Dante e o Alex do S.) e foi muito bom reencontrar. Stanley nos últimos anos foi como um professor para mim na arte de gravações de estúdio, e foi no período em que ele esteve na minha casa que aprendi a usar o programa logic, e gravei músicas da Contra produções como "Possuído (Willian Blake Megamix)" e "Samsara". Material que quem sabe um dia eu lanço na net.
Abertos os portões, entramos e entre uma cerveja e outra ouvia-se o vocalista do Angra cantar músicas medievais com alguma outra banda que não me recordo o nome agora. Acho que ele cantava algo sobre uma princesa e um dragão, e devia ter uma bruxa na história também.
Quando o Sepultura entrou, eu já estava bêbado, e foi muito bom assistir o show assim. Para começar, que o som dos caras estava muito bom, redondinho. ( Nosso amigo Stanley/Sabirila não brinca em serviço). Até meu pai conseguiria compreender os temas de guitarra do Andreas e as palavras do Derick, de tão "Clean" que estavam as frequências sonoras. Isso me fez lembrar da vez em que assistimos aos caras abrindo para o Deftones no Maquinária, e como era discrepante a qualidade do som do Sepultura que literalmente engoliu os gringos. O deftones que é uma banda que eu gosto muito, fez um showzinho que deixou muito a desejar, especialmente após o S. que pelo visto, sempre tira um puta som. Fiquei sabendo posteriormente que o erro foi do técnico dos caras que acabou sendo demitido. Ponto para o "Brazil", nosso amigo Stanley responsável pelo som também não para de acumular pontos.
Eu não parava de beber com o Adson e me lembro de berrar como um Tarrasque (http://www.dotd.com/mm/MM00281.htm) deve berrar quando eles tocaram Territory, minha música preferida, e que me fez lembrar da vez em que o Andreas tocou essa música com a Maldita na rocinha ( http://www.youtube.com/watch?v=znpcsinqjv4) convenhamos que esse é o desejo de todas as bandas de som pesado do país. Além de que o Andreas é o cara mais responsa/Sangue bom/irado, qualquer coisa que o diga de todo o showbusines que eu já conheci. Humildade não seria a palavra certa para descreve-lo. O cara cara é FODA mesmo.
Eles encerraram o show com "Roots" e fiquei sentindo falta de uma música chamada "Óstia" que tem uns violinos no meio e geralmente quando a estou ouvindo, sou transportado para outro lugar. Resumindo, o show foi muito bom. Quando terminou, eu estava alucinado. Bem doido mesmo e então nós fomos ao camarim dar um "oi" para os caras.
Chegando no camarim eu estava trôpego e esbarrava nos obstáculos pelo caminho. Alguém me indicou aonde era o caminho e fui reconhecer depois em imagens de um sonho distante que era a Monica Cavalera. Dentro do camarim tinha uma modesta mesa de frios e tudo o que consegui fazer foi ficar comendo. Minha cabeça girava e o sal dos pepinos que comia me ajudava a manter o equilíbrio, também tinha mais bebida por lá. Dei uma abraço no Fumaça (Derick) e entreguei o presente do Andreas. Enfiei mais um daqueles salgados na boca e sai fora de lá pois a luz era muito fria e opressora. Gostaria de ter dito alguma coisa mais construtiva para a banda, mas as palavras não me vinham ou saiam a boca. Na volta tropecei em alguma coisa, não me lembro o que, acho que pisei no pé do segurança manchando de vomito seu sapato novo, e missão comprida eu estava novamente junto a multidão que é um lugar mais familiar para mim. Ia começar o show da última banda "MachineHead" Não aguentei. Assistimos três ou quatro músicas e fomos embora pela porta da frente.
É por essas e outras que a nota desse grande evento foi 8.5


Show ; 8.0
Repertório ; 7.0
Comportamento ; 7.0 (mesmo eu estando como estava fiquei totalmente na moral)
Contato com a banda ; 4.5 (Não foi culpa dos caras, e sim minha e de minha subjetividade monstruosa e opressora).

Total 8.5

No caminho de volta, fiquei traçando analogias entre o Derick e o Tarrasque. Muito parecidos!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Eric Clapton


Nessa segunda feira fui ao HSBC Arena no Maldito Rio de Janeiro assistir ao show do grande tiozão do Rock, Eric Clapton. Em primeiro lugar, dos milhares de shows que tenho ido ultimamente, nunca tinha acontecido de eu chegar atrasado, porém, devido a um erro na logística dos organizadores, ou da incapacidade que o carioca, de um modo geral, tem de se organizar peguei um trânsito de cerca de três horas para chegar nesse lúgubre e descampado Maldito lugar. O HSBC Arena fica nas proximidades de onde foi também o caótico Rock 'n Rio. Não me senti bem faltando o respeito com o Sir. Eric, cheguei lá para a quinta música, mas, cést la vie.
O show foi muito bom, o "tio"tocando guitarra é realmente hipnotizante. Temas diferentes e andamentos inusitados nas músicas mais conhecidas tornam tudo uma surpresa. A clássica "Layla" por exemplo, foi tocada em ritmo de uma marcha fúnebre. Eu gostei. É o tipo de show que faz a gente se sentir parte de algo maior. Algo que veio do espaço e atingiu os negros que moravam no mississipi Nova Orleans quando desenvolveram o Blues. Furtivamente sai correndo para comprar uma cerveja e, pronto. O show ficou ainda melhor, a atmosfera de "tios" (acima dos 45 anos) e dos sobrinhos (abaixo de 45 anos) cantando "Cocaine" foi envolvente. O show era sentado, porém o brasileiro que é mal educado por natureza não gosta disso, então tinha sempre alguém levantando (inclusive eu) e o segurança mandando sentar. Na última música todas as 25 mil pessoas se levantaram e foram para a frente do palco. Tio Eric Clapton que hoje em dia trocou a calça jeans por um confortável moleton deve ter gostado dessa atitude tão "Brasileira" de ser.
A predominância do público era acima dos 45, e foi divertido acompanha-los cantando para suas esposas "Before you acuse me, take a look at your self" algo que dever querer dizer a trinta anos, mas não podem devido ao convencionalismo do matrimônio. vimos também um senhor com a cabeça toda branca, deveria ter seus quase setenta anos virar para a mulher e dizer "Agora espera amor, que eu vou lá no banheiro cheirar o meu "Cocaine". Sensacional. Essa geração viveu coisas a minha não chegará perto nem eu seus maiores devaneios. Eric Clapton é um símbolo dessa geração.
Após minha segunda e última cerveja da noite fiquei me sentindo em um desses enormes salões de festas ou de jogos. Todos falavam meu nome; Eric para lá e para cá. Fiquei meio tonto, nunca tinha estado em um grande show aonde o nome do grande artista fosse o mesmo que o meu. Você já esteve? No final eles tocaram uma música do Cream e a multidão (de todas as idades) se levantou e resolveu invadir, quero dizer, assistir, o ídolo de perto. Eu me estressei com o segurança que se estressou comigo e assim desenvolvemos nossa recíproca relação.
Em resumo, o show foi muito agradável. o ambiente era pacífico, o público diferente, e o Eric Clapton estava demais. Sua voz ( para quem sofreu durante quase meio século do mal que se detém sobre nós que é o alcoolismo e o vício em heroína) é clara como cristal. Seus solos de guitarra são libertadores. A sua gig; Um pianista, um tecladista, duas cantoras e o baixista e demais agradável. Um tipico programa para se fazer com a família, voltar para casa, tomar uma dose de Wisky e dormir bem.

Show 8.0
Repertório 8.0
Organização 7.5
comportamento 10.0

Nota do evento 8.0

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Ontem, Limbo no Baixo Gávea

Os portais do inferno, eu já os deixei abertos desde a hora em que sai de casa ontem as 19:00. Geralmente quando isso acontece e eu saio cedo assim, me torno vulnerável a qualquer tipo de má aventurança.
Com uma caminhada enérgica após um dia bastante saudável, eu cheguei rápido ao bucólico Baixo Gávea para encontrar o Léo, antigo tecladista da Maldita. Comemos uma Pizza, e pore u ter deixado as portas do inferno abertas, bebemos desenfreadamente. O mal do homem, e o meu meu mal é a bebida. Não ha no mundo nada que te deixe mais alegre e mais sucetível a vivenciar uma antiga tragédia greaga que a bebida.
O telefone toca e além do Lereu que também está com a gente, o meu advogado está chegando.
Conversas hebefrênicas como a de uma criança retardada em torno do show do System of a down, guardiões de portais do inferno incitando a multidão. Calígula tinha um cavalo chamado Incitatus, ele também estava lá. Cervejas e mais cervejas e cigarros e um gusto de merda na boca que certamente durará. Fala desenfreada, maneirismos e logorréias, me tornando uma caricatura de mim mesmo. Confusão? Alguém falou torto comigo? Era eu mesmo me mijando no banheiro. Conversas sem nexo sobre o Rock n Rio. Dor e frustração. O olho negro do mal marcando junto de mim e me observando cada passo, cada movimento, cada palavra.
Não me lembro como cheguei em casa. Só sei que cheguei. Hoje de manhã um bilhete. “Você deixou o gás ligado. Podia ter matado a todos nós”. Creio que foi dali que os demonios sairam. Do gás da cozinha, tubulações tão rústicas e das profundezas que chegam a fazer conexão com o inferno. Uma linha expressa do metro. Primeira estação Pandora, depois Tenebras, salta, faz uma baldeação no Limbo, pega para Malebolgia, depois para minha cabeça e possívelmente para minha morte.
Acordo 10:30 da manhã com o telefone tocando. É o Vidaut dizendo que vamos antecipar nossa gravação hoje as 15:00. Gravaçao do novo projeto da banda. Um projeto que se chama montagem por que ele é uma montagem de sons. Pego um copo de água, jogo uns comprimidos para dentro e me lembro dos Ramones que um dia cantaram “Hey How let’s go!”. Também lembro do cemitério e do dia da minha morte. Um pedaço da minha alma ainda está lá no baixo gávea sendo varrido pelo lixeiro junto com as garrafas de vidro e os flyers de eventos. Coisas que não consigo me lembrar. Alguém vai fazer um Vernisage hoje, mas acho que derrubei miha bebida no pé da namorada dele. Vozes do além me provocam, meu advogado diz que eu tenho que me movimentar, talvez seria melhor se eu começasse a fumar cigarros, ele me recomenda. Alguém grita no banheiro. O Lereu se atrasa.
É por essas e outras que a nota para a noite de ontem é 5.0

Biaxo gávea 5.0
Comportamento 5.5

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

System of a Down apoteótico


System of a down


No último Sábado fui a chácara do Jockei em São Paulo assistir ao show do System of a Down que mais parecia a celebração da virada do ano. O público, transbordando de uma indizível alegria, se abraçava e se batia cantando as musicas que vem marcando suas vidas nesses últimos dez anos.
Surgidos em uma década marcada pela musica pop, o Hip hop e o melódico, o SOAD transcendeu barreiras e se tornou a maior e mais criativa banda de Rock do século XXI.
Ao vivo, eles não deixam nada a desejar. A qualidade do som é tão boa quanto o Cd. A fusão dos ritmos (Metal/Rap/ Regional) somado a interpretação peculiar de Serj Tankian te deixam tão animado como em uma torcida de Futebol. A banda inteira é faixa preta, inclusive os técnicos de som, que tiraram um som impecável na Chacra do Jockei. O Malakian as vezes da uma vacilada nas Guitarras, mas creio que seja até de propósito, pois o Rock tradicionalmente é cheio dessas vaciladas e alguns outros erros.
O repertório foi completo. Tocaram o”Toxicity”praticamente inteiro, e ainda clássicos do primeiro álbum como “Suggestions”e “Mind” Que deixou os fãns tão loucos, que tive que chegar um pouco para o canto com minha namorada e a minha cerveja derramada. Ainda tocaram “Innervision” que é um lado B clássico da Banda. Faltou apenas “Spider”, como o apelido do Anderson Silva.
O público ficou enlouquecido e satisfeito. Nenhuma confusão, ninguém puto. Galera se abraçava e cantava os refrões como se fossem hinos de seus clubes de Futebol, até mesmo o hino de toda uma nação. O sorrisos e os olhos injetados estavam estampados em cada fã.
Eu tive uma das noites mais agradáveis da minha vida em termos de entretenimento. Bebi muitas cervejas, cantei todas as músicas, não fumei maconha, e berrei como em uma seção de descarrego. As dores que vinha sentindo na lombar diminuíram significativamente no dia seguinte. O SOAD tem o poder da cura, aliás isso é algo que Serj insiste em dizer no show. O homem do séc XX ruma em sua auto destruição em meio a produção de tecnologia em massa. A cura ou a salvação não está em deus, nem no consumismo, em nossa capacidade em nos conectar com o planeta que é um organismo que faz parte de nós como as células no nosso corpo.
Os caras não estão de bobeira, sai todo mundo renovado do show. E apesar de alguns acharem a mensagem clichê, é exatamente o que acontece na situação atual do nosso mundo. Falhas na conexão entre a mente, o corpo e o planeta.

Resumindo o Show foi Excelente. Não sou critico, nem porra de pobre Diabo que o seja, mas a nota que dou para os caras é 10.

Banda– 10
Repertório – 10
Organização do evento – 9,5