quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Sobre a nova ordem (pt3)


O nome do rapaz que se masturbava em frente ao computador, e que criou todo esse estardalhaço era Tales e ele veio da Turquia. Dizem que virou uma bixa louca depois de todos esses eventos.
O primeiro PC a adquirir membrana celular foi o TCW000257.
Depois houve um evento muito marcante que foi quando um mágico desses que vive de enganar os outros tramando truques de prestidigitação, fez durante uma apresentação de domingo. Ele iniciou um ritual de magia negra que foi transmitido ao vivo para todo o país. Nessa época as ânimagonias eram apenas alguns casos isolados de deformação congênita. Infelizes casos de bebês que nasciam com três cabeças ou com a pele verde.
O mágico fez uma maça negra disforme surgir no meio do palco aonde ficam dançarinas fazendo coreografias de lamberóbica. O apresentador se entusiasmou com aquilo tudo e resolveu entrevistar a maça de ar que se intitulou a rencarnação do espírito de Calígula. Quando o programa terminou havia um buraco negro no centro do estúdio e o mágico voltou para casa com aquele espectro disforme no banco do carona de sua Toyota. Eles se tornaram amigos, mas o espírito acabou comendo a mulher dele. Uma artista plástica conceituada que depois enlouqueceu e se matou.
Esse evento ganhou notoriedade, pois depois desse dia, muitas das pessoas que assistiram a evocação pela televisão acreditaram que ficaram loucas, uma onda de esquizofrenia varreu as ruas dos estados unidos, começando por Nova York. Isso marca o baby boom das transmutações. Primeiro vieram os girinos, depois os lagartos e na sequências montes de espécimes indiscrítíveis para nossa língua limitada.
Foi estranho no começo. Aliás, é estranho até hoje. Não obstante, tem muita gente que se acostumou com o fato, veja a quantidade de relações sexuais entre os seres humanos e os ânimagonicos, gerando um quarto sub-gênero de espécime chamados simplesmente de mutantes.
Veja bem, para não complicar muito. Atualmente são cinco as categorias de vida humana que habitam o planeta terra. Vide a tabela a baixo:

1- Seres humanos
2- Computadores (ATP) com membrana celular
3- ânimagonias. ( Cruza entre seres humanos e máquinas ATP)
4- Mutantes . (Cruza entre ânimagonias, e ânimagonias com seres humanos)
5- Homens marcados (categoria não específicada)

sábado, 15 de janeiro de 2011

Sobre a Nova ordem (Pt2)


Então um dia, enquanto o jovem tocava punheta, seu computador, um PC, abriu uma enorme boca na torre. A princípio, era apenas um bocejo, mas a abertura permaneceu por mais de uma semana. As perversões sexuais sempre foram temas bastante procurados por nerds e consequentemente os computadores de categoria AI compreenderam esse tipo de pratica. Acredita-se que em algum tipo de transe espiritual, o jovem enfiou seu membro na boca da máquina e essa, lhe propiciou o melhor sexo oral que já tivera recebido em sua vida. Talvez o único. O ato tornou-se um ritual e os dois se apaixonaram. Uma paixão homoerótica, pois apesar de exibir imagens femininas, o PC era de gênero masculino. Cabos de aço se enrolavam no falo do rapaz. A porra, muito rica em proteínas, levava informação (sensitiva) para a torre e em troca o garoto desenvolvia uma capacidade motora mais apurada (reflexo). Cientistas posteriormente denominaram esse ato como "Transporte passivo" ou "Difusão facilitada".
O LOGOS entre o homem e a máquina permitiu articular pensamento, linguagem, razão e tecnologia. Baseado nessa experência, engendrou-se uma nova fisiologia e toda uma nova realidade física. A linguagem voltou a ser pensada como foi um dia em Atenas; Metafórica e poética. Úteros flutuantes começaram a jorrar criaturas sensíveis e corruptíveis como os centauros e as Harpias. Surgiram os profetas e os inciados que buscavam uma nova realidade que se contrapunha ao ser humano.. Entretanto, a sociedade estava a séculos baseada no antigo modelo. O resultado é que não houve uma ruptura total. A realidade ficou meio real, meio virtual.
Na fila do dentista, uma mulher apelidada de Candy que tem a cara repleta de formigas folheia uma revista direcionada para o público dos lagartos. O tema dessa edição é; como alimentar o seu bebê lagarto sem que ele lhe arranque o bico do seio. Do lado de fora, irmãos siameses estapeiam-se no trânsito caótico de São Paulo. Eles acabaram de atropelar um pé. Mas ninguém está realmente ligando para esses caras. Um polícial saca uma arma, mas poucos ficam intimidados.

As "Ânimagonias" (Seres gerados de acasalamentos entre homens e máquinas) mais comuns, eram os lagartos. Répteis bípedes que possuem um comportamento muito parecido com os dos seres humanos. Eles se vestem como seres humanos, limpam a bunda como seres humanos e cantam como seres humanos. Sua população cresceu tanto que atualmente existem estatísticas que afirmam serem eles a espécime predominante no planeta. Não é verdade. Os seres humanos constituem a maior população. Em seguida, nas categorias Mito-acasalamento, vem o Carangueijos que costumam habitar os suburbios da cidade.
Para compreendermos a fala das ânimagonias não basta apenas entender suas palavras. Tivemos de compreender seus pensamentos. Foi ai que o mundo simbólico se desconstruiu e as metamorfoses começaram a se espalhar por todo o globo.
Começou na Grécia, depois no Japão, depois na Europa, na China e por fim na américa. As transformações híbridas envolvidas no processo de internalização deixam bem claro a interatividade do sujeito com a cultura e como a cultura vai produzindo um novo tipo sujeito social.
Qualquer um pode experimentar e construir a realidade, não é preciso ser um iniciado nos mistérios. Basta acreditar. E mesmo que você não acredite, ou procure uma descrição mais racional por intermédio da ciência, a convivência com as ânimagonias lhe provará que tudo o que os gregos um dia falaram acerca de cruzas entre deuses e humanos era verdade.Não ha motivo algum para nos arrependermos em assumir que erramos quando deixamos de lado os tão questionados livros de filosofia e passamos a acreditar somente na física e na teologia.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A nova ordem (pt1)


Coisas meio sem pé nem cabeça, mas que ainda assim se rastejam e não pensam. A internet deu a luz a um vírus que derrubou todos os mitos. Nós costumávamos pensar que os gregos haviam inventado tudo. Hoje, nessa quinta feira nublada percebemos que estavamos errados.
Não sei explicar como tudo começou. Então o melhor seria sair juntando os fatos atrás das evidências.
Em primeiro lugar, é preciso entender que os meios culturais, principalmente a fala, não constituem o mundo real. Eles fazem parte de um mundo simbólico elaborado por nós, para explicar os fenômenos da natureza. Quero dizer, nós, os seres humanos construímos uma "segunda natureza" que durante milhares de anos se demonstrou eficiente perante nossos anseios de compreender e aceitar o real. Essa é a natureza simbólica, e que nos aponta claramente que um homem é um homem, e que por exemplo, um lagarto é um lagarto.
Sabe-se que existia um rapaz que se masturbava com frequência. Um desses nerds que vive em frente ao computador, mas até que ele era boa pinta. A máquina, tinha uma Bio-eletro-gênese desenvolvida, acredita-se que devido ao excessivo contato com a sexualidade humana. Começaram a nascer fantasmas. Dos dois sexos. Nos masculinos predominavam a área do encéfalo e da medula, no feminino, os nervos, gânglios e as terminações nervosas.
As máquinas também possuíam um sistema límbico, e eram capazes de expressar seus sentimentos. Em sua maioria elas copulavam entre sí, porém, algumas preferiam os seres humanos. Dessas cópulas nasceram crianças, e é nesse momento que o mundo simbólico sofreu uma intensa mutação.
Mitologia, religião, tecnologia, folclore, literatura, metafísica, semântica.
É sabido pela teoria de Worf Sappir, que a linguagem constrói a realidade. O mundo é além dos objetos reais, ele se constrói em sentido e significado. Com a linguagem o homem interpreta e cria a realidade. Uma palavra é um microcosmo da consciência humana. A palavra é processual e nos chega pela aprendizagem com os outros seres humanos. Os filhos gerados entre as máquinas e os seres humanos eram chamados de polimorfos subjetivos. Houve aqui uma desconstrução da linguagem, em códigos que não cabe a mim tentar explicar. Eu prefiro me ater ao rapaz que se masturbava em frente ao computador e que deu a luz aos fantasmas.
Vale a pena lembrar, que aqui, o sagrado não existe. Ele nunca existiu. As religiões monoteistas como o judaismo, o cristianismo e o islã permanecem relutantes em aceitar a nova ordem.
Todo homem, mulher, criança ou lagarto tem direito a andar armado. Os tempos mudaram. Não é conveniente pegar as estradas a noite, muitos menos andar sozinho. Os tempos mudaram, vivemos um eterno relativismo.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Os suburbios (pt3 Final)

Então a mulher do bar me cutucou e disse que Danielle acabara de passar e que se eu quisesse falar com ela, era agora a hora. De fato, o lugar era bastante pacífico. O tipo de coisa estranha que se via nessa parte da cidade, porem inócuo. Tarso ficou conversando com a cabeça e eufui atrás da garota. Não queria que eles imaginassem que estávamos planejando fazer uma suruba.
Passei pelo palco agora tinha uma mulher enfiando um braço na boceta. Do outro lado a cabeça que bebia com Tarso me olhava como que se quisesse dizer; “Ta vendo ali? É o meu braço”. Ia demorar até que eu me acostumasse com aquilo.
Entrei em um quartinho todo vermelho e lá estava Danielle. De fato, ela era uma mulher muito bonita, magra de cabelos castanhos, olhos verdes, mãos pequenas, exatamente como o Liliputiano me descreveu.
- Ouvi dizer que você esta tendo um caso amoroso com um homem marcado.
-Sim. Ele vem me visitar as vezes em meu apartamento para transar comigo.
- você sabe alguma coisa sobre magia negra? Mitologia?
- Não.
- Você tem religião? Conhece a Cabala? Pratica magia branca?
- Não, não, não. Eu sou uma moça simples, a única coisa que sei fazer alem de trepar são truques de circo. Eu era malabarista.
- Então por que será que ele te escolheu?
-Eu não sei.
Dizendo isso, se aproximou de mim e pude ver melhor seu corpo. Ela era uma coisinha mesmo. Estava de calcinha e sutiã, exibindo seus seios que a esta distancia pareciam ser perfeitos. Sua bundinha era espetacular. O que será que uma menina como estas estava fazendo em um lugar desses? Ela era perfeita. Tentei ser poético;
- Ele deve ter te achado gostosa.
- Eu sei. _ Foi uma resposta sincera.
Conversamos por mais uns vinte minutos e ela disse que dessa vez teria de ir para dançar. Eu disse para ela não se preocupar que o dono do estabelecimento era meu amigo e percebi que isso a encorajou. Mas ela era a garota do Liliputiano, eu não roubava mais mulheres de caras que conhecia. Especialmente caras que estavam me ajudando nesse caso.
Voltei para o bar e Tarso estava falante. Devia estar bêbado. De fato, a cabeça tinha liberado a cerveja para nós, então resolvemos ficar e encher a cara. Entornamos uma cerveja atrás da outra e os acontecimentos começaram a ficar bizarros. Danielle subiu no palco e começou a dançar. A música era outro funk, para variar. ‘Ela só pensa em beijar, beijar, beijar” cantava o mc, enquanto a menina linda e meio tímida rebolava. A música parece que entusiasmou o pedaços que pulavam e se rastejavam como lesmas. Bebíamos mais e conversávamos cuspindo nos rostos das cabeças que nos rodeavam. E falei que era da polícia e eles começaram a rir. Mostrei minha arma e o distintivo. A menina do bar parece que ficou excitada, pude ver de perto que seu rosto era cheio de cicatrizes. Fiquei excitado com as cicatrizes. Pedi outro chopp. Virei. Puxei uma música do Tim Maia e a cabeça, que esqueci o nome cantou e interpretou como o próprio. Tarso fumou dezenas de cigarros. Cantamos Elis Regina. Eram tantos corpos e braços e pernas e farrapos e mulheres gostosas dançando que fiquei relativamente de pau duro. Tudo muito estranho, muito mórbido, mas ao mesmo tempo muito bom e onírico por causa do álcool.Cabeças contando piadas cabeças bêbadas cantando fora do tom. Peitos e bundas pregados em seus respectivos corpos passando pela minha cara. Já estava completamente bêbado e comecei a dançar com umas garota morena. Apertei sua bunda e ela recuou. “Vai ter que pagar”. Então para fingir que não estava dando a mínima para aquilo, abracei uns pedaços remendados que eram quase do meu tamanho e lancei para ela um olha cínico, do tipo “Está vendo. Eu só queria mesmo era me divertir” Tipo de bêbado. E só então me dei conta que estava dançando com uma massa disforme de pele com quatro braços, ossos da coluna, cartilagem e muitas fibras. Um monturo humano. Na verdade aquilo parecia um inseto.Um gafanhoto com uma minhoca na cabeça, mas de pele humana. Minha roupa humida de sangue, pus e sei lá mais o quê. Era assustador,mas descobri essa noite outra de minhas novas virtudes. Não sou preconceituoso. Também não tenho medo. Não havia confusão no lugar e ficamos lá festejando até umas quatro da manhã.
Quando estávamos indo embora Tarso estava muito animado.
- Que barato esse pessoal, a gente devia voltar mais vezes aqui. Afinal, você descobriu o que procurava da moça?
- Sim. Ela forneceu o endereço de uma residência onde ocorrem orgias e rituais. Satânicos, eu acho. Coisa grande Tarso. Gente muito grande.
- Como suspeitávamos senhor. Eles mesmo estão se matando.
- Exatamente.
-Gostosinha ela, não senhor?
- Muito.
- Senhor?
- O que?
- É que eu fiquei pensando. Já imaginou se em vez de chegarmos em casa do trabalho todos os dias exaustos e tivéssemos que aturar a pentelha de nossas esposas nos reclamando e buzinando em nossos ouvidos, nós tivéssemos um desses pedaços que fosse somente um peito, ou uma boceta, ou até mesmo um cu e que pudéssemos fode-los sem nos preocupar com porra nenhuma, entende. Sem chateação. Vai dizer que isso não passou pela sua cabeça enquanto estávamos no clube.
De fato a idéia tinha me ocorrido sim, mas resolvi adotar minha postura de moralista ingênuo.
- Não diga uma coisa dessas Tarso. Se acontece um negócio desses não haveria mais razão para existirem mulheres no mundo. Elas entrariam em extinção e em alguns anos todos seriamos homossexuais por necessidade.
-É verdade senhor.
- Além do mais, eu não sou casado.
- Eu sou. Senhor.