quarta-feira, 1 de maio de 2013

Pesadelos, libido e filmes de terror Hoje novamente tive um pesadelo. O sonho era um tipo de metalinguagem aonde eu assistia um filme dentro do sonho. Foi estranho. Na capa do DVD havia a imagem de um crânio. O mesmo crânio que fotografamos ontem com o ator Carmo Dalavequia fazendo uma encenação do tipo “Hamlet” para o material de divulgação do filme que estou produzindo e dirigindo. O titulo do filme ainda permanece em segredo, não por que ele seja um segredo, mas por que não sei ao certo se gosto dele e temos outras opções. O crânio, é um crânio humano. Pela arcaria, pode-se dizer que é uma mulher de mais de cinqüenta anos. Então eu assistia o DVD e logo no início havia uma imagem em preto e branco de uma mulher que foi capturada na guerra. Suas mão estavam algemadas e ela, na tentativa de se soltar, usando uma estaca de madeira, acabava por furar os pulsos e então sangrava até a morte. Ficou ali, esvaindo-se até a última gota, até o último suspiro, olhando para mim. Se ao menos eu pudesse exergar as minhas próprias mãos no sonho... Na sequencia havia uma outra mulher que atendia e desligava um telefone em um contínuo movimento reverso e infinito. Não dava para saber ao certo qual era o clímax dessa cena. A coisa apenas ficava se repetindo a exaustão. Cada vez em uma velocidade diferente. Aconteciam coisas cômicas também, como por exemplo o Leatherface, de “O massacre da serra elétrica”que aparecia de assalto e levava a mulher embora como se ela fosse um saco de batatas igual ocorre em seus filmes. Então haviam as plantas carnívoras. Gigantescas famílias de Nepenthaceae que cresciam apartir de uma única semente despejada sobre o DVD (masturbação)? Elas saltavam para fora da tela como um efeito de cinema em terceira dimensão e geravam uma sensação bastante hostil. Eram opressoras. Tentavam agarrar no rosto de que estivesse assistindo aquilo. Eram toscas como os efeitos de stop-motion dos anos oitenta e noventa. Se movimentavam como aquele macaco roedor do filme de Peter Jackson, “Fome animal”. Quem assistiu, sabe do que estou falando, Tosco, porém perturbador. Então começava a se intensificar a metalinguagem, pois agora eu estava me assistindo. A Próxima imagem, que se tornou um fato, era eu nadando nu em um tipo de rio em algum lugar nos arredores de São Paulo. Haviam pessoas lá. Eram fans da Maldita. Eles estavam me esperando para começar um show. Não eram muitos, mas ainda assim esperavam ansiosamente pelo show. Havia um amigo meu, que é Thelemita (diga-se de passagem), que ficava na borda daquela piscina dizendo que eu não devia largar minhas roupas assim, de qualquer maneira. Ele dizia que para tudo havia uma ordem e um motivo, e que sendo assim eu deveria prestar mais atenção na maneira como eu me comportava nos sete dias da semana e por todas as eras que eram compostas por duzentos anos. Eu nadava e nadava naquele rio/piscina negra, e na sequencia escalaria um muro de pedras negras e gotejantes para chegar até o palco do que agora era em enorme festival. O show começava e eu estava pelado. Começaria assim mesmo. Eu nunca havia feito isso. Abrir um show sem roupa nenhuma. Depois ia colocando a roupa aos poucos. Era impressionante. Mas eu me sentia poderoso. Me sentia como o exterminador do futuro. Outro elemento cômico, é que o Fernando aparecia com uma roupa para eu me vestir, lá para a quarta musica. Ele jogou a roupa para mim, e quando me dei conta, estava vestido de Batman... Ao acordar, a primeira coisa que me dei conta no quarto, é a biografia de Aleister Crowley que acabei de ler por estes dias e que tanto me inspirou a escrever versos para os discos novos que estou trabalhando e que em breve virão. Fiquei ligeiramente preocupado. Pois desde que terminei de ler este livro, praticamente todas as noites venho sendo surpreendido por este tipo de sonho. Ele, o livro, está posicionado de um jeito que sua aba aponta para o meu plexo, enquanto durmo em minha cama. Talvez se eu trocá-lo de posição e apontá-lo para a porta, a posição dos sonhos também mude. É chato pensar nisso, mas toda vez que vou dormir e apago as luzes ficando na escuridão total, eu sinto a sua presença lá. Bom sou um psicólogo formado, e treinado na arte de interpretação dos sonhos de Freud. Também sou adepto do método de desconstrução da semântica das palavras utilizado por Lacan. Ao escrever esse breve relato de meu sonho, chego a conclusão de que tudo faz em alguma instancia, um breve sentido. Estou trabalhando 24 horas por dia, sete dias na semana nesse filme. O filme é a história de um Serial Killer. No filme contamos com alguns pedaços humanos reais, emprestados da escola de medicina. Isso explica a caveira na capa do DVD onírico. Ainda para o filme, fizemos um shooting das atrizes amarradas em um porão escuro. Estamos trabalhando intensamente na finalização dessas fotos, e eu em breve postarei algo por aqui. Isso explica muita coisa. Quanto as plantas carnívoras, creio que seja algo que tenha haver com as práticas masturbatórias do cotidiano. Pois geralmente quando estou envolvido em um trabalho intenso, como a produção de um disco ou de um filme, eu suspendo essas práticas que é para não haver nenhum tipo de desperdício de energia libidinal, resultando em um bloqueio criativo. As plantas, ou monstros gigantes, com a circunferência de suas bocas infinitas, são o desejo e o impulso sexual reprimido vindo `a tona nesses momentos de privação. Eles querem me engolir e me ameçar. A mulher do telefone não seria nada mais do que a repetição automática do dia-a-dia no trabalho. Editar, editar, editar, montar, editar, mixar, mixar, mixar, montar...etc... (essa tem sido a minha realidade nos últimos meses). Comecei a trabalhar na produtora de vídeo e publicidade, “ Nomadis “ de um ano para cá e desde então muita coisa mudou. É por isso que quando estou nadando pelado no meu sonho, meu amigo grita para mim que eu não posso fazer o que eu quero. Ele me explica que, pelado, as pessoas não vão me aceitar. Não serei escalado para os trabalhos que quero fazer. Tenho que me vestir como eles querem que eu me vista. É chato, mas é real. Quero dizer, bem vindo ao mundo real Erich Eichner. A conclusão é bastante simples. Meu mundo onírico, o meu inconsciente, não está fazendo nada mais do que uma projeção distorcida do ambiente de trabalho do mundo consciente. No sonho tudo acontece em um formato digital de DVD. O tema do cinema, está impregnado em cada elemento desse devaneio no escuro. Não se trata de imagens surreais, trata-se de material para um filme surrealista. É claro que a obscuridade das imagens inconscientes perturbam de início. Parece um pesadelo. Mas ao relatar a vocês essa análise, vejo que isso não passa de um sonho comum e da forma como no meu íntimo, eu enxergo a minha própria rotina dentro da produtora. Tenham todos um bom dia.