terça-feira, 17 de março de 2015

Estranhos em uma Terra Estranha, Caralho Voador e outros projetos

Meus dias tem sido uma loucura.Sinto que estou definhando. Estamos na reta final para terminar Estranhos em uma Terra Estranha, e a coisa continua mudando de forma a cada segundo. Meu corpo e meu espírito estão perturbados ou talvez sobrecarregados. O calor no Rio de Janeiro é asfixiante.Uma áura translúcida de suor envolve as janelas do estúdio. Como se não bastassem as 14 músicas novas da Maldita, em janeiro dei início a mais dois novos projetos musicais. Um onde só tocamos trilhas sonoras de filmes dramáticos e outro, que venho empenhando o meu tempo exaustivamente, chamado Caralho Voador. Caralho Voador são poesias Sórdidas com muitas influências de Aleister Crowley que tratam de nossos instintos mais primários. São dez músicas enroladas em obscurantismo e pornografia com títulos como " Coração e Língua" e " Angelitude". Desse modo me jogo pelas ruas rastejando e gemendo como um cão ferido enquanto rumino como lançar meu primeiro curta metragem em parceria com Pedro Punk, "Pedaços" que ficou pronto essa semana. O filme, honestamente, está muito melhor do que muitas produções nacionais e certamente irá por fogo nos cinemas nos próximos festivais. Enquanto dou todo o meu sangue para ter essas 24 músicas novas prontas até junho, observo um desastre de automóveis pela janela do estúdio e isso me faz lembrar que tenho que terminar o último capítulo do livro de contos que estou escrevendo a cerca de dois anos: "No Coração de sábado a noite" e "A Mara da Noite". Está quase no fim. Fiquei ruminando como fazer esse lançamento e como não tive respostas perguntei aos Astros.Dos dez planetas, foi Mercúrio que se dirigiu até mim. Fui instruído por ele a lançar o conto separadamente como uma novela. Acho que aqui será um bom lugar para fazer isso. No império do cyber-espaço. Porém,como sempre, falta ainda o último capítulo. Para todos aqueles que acompanham meu trabalho, até o meio do ano de 2015, para além do céu e da terra, prometo muitas novidades de idéias incomensuráveis que se formam em minha mente. Qualquer pergunta sobre estes e outros projetos estou disposto a responder. O futuro é nebuloso.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Pesadelos, libido e filmes de terror Hoje novamente tive um pesadelo. O sonho era um tipo de metalinguagem aonde eu assistia um filme dentro do sonho. Foi estranho. Na capa do DVD havia a imagem de um crânio. O mesmo crânio que fotografamos ontem com o ator Carmo Dalavequia fazendo uma encenação do tipo “Hamlet” para o material de divulgação do filme que estou produzindo e dirigindo. O titulo do filme ainda permanece em segredo, não por que ele seja um segredo, mas por que não sei ao certo se gosto dele e temos outras opções. O crânio, é um crânio humano. Pela arcaria, pode-se dizer que é uma mulher de mais de cinqüenta anos. Então eu assistia o DVD e logo no início havia uma imagem em preto e branco de uma mulher que foi capturada na guerra. Suas mão estavam algemadas e ela, na tentativa de se soltar, usando uma estaca de madeira, acabava por furar os pulsos e então sangrava até a morte. Ficou ali, esvaindo-se até a última gota, até o último suspiro, olhando para mim. Se ao menos eu pudesse exergar as minhas próprias mãos no sonho... Na sequencia havia uma outra mulher que atendia e desligava um telefone em um contínuo movimento reverso e infinito. Não dava para saber ao certo qual era o clímax dessa cena. A coisa apenas ficava se repetindo a exaustão. Cada vez em uma velocidade diferente. Aconteciam coisas cômicas também, como por exemplo o Leatherface, de “O massacre da serra elétrica”que aparecia de assalto e levava a mulher embora como se ela fosse um saco de batatas igual ocorre em seus filmes. Então haviam as plantas carnívoras. Gigantescas famílias de Nepenthaceae que cresciam apartir de uma única semente despejada sobre o DVD (masturbação)? Elas saltavam para fora da tela como um efeito de cinema em terceira dimensão e geravam uma sensação bastante hostil. Eram opressoras. Tentavam agarrar no rosto de que estivesse assistindo aquilo. Eram toscas como os efeitos de stop-motion dos anos oitenta e noventa. Se movimentavam como aquele macaco roedor do filme de Peter Jackson, “Fome animal”. Quem assistiu, sabe do que estou falando, Tosco, porém perturbador. Então começava a se intensificar a metalinguagem, pois agora eu estava me assistindo. A Próxima imagem, que se tornou um fato, era eu nadando nu em um tipo de rio em algum lugar nos arredores de São Paulo. Haviam pessoas lá. Eram fans da Maldita. Eles estavam me esperando para começar um show. Não eram muitos, mas ainda assim esperavam ansiosamente pelo show. Havia um amigo meu, que é Thelemita (diga-se de passagem), que ficava na borda daquela piscina dizendo que eu não devia largar minhas roupas assim, de qualquer maneira. Ele dizia que para tudo havia uma ordem e um motivo, e que sendo assim eu deveria prestar mais atenção na maneira como eu me comportava nos sete dias da semana e por todas as eras que eram compostas por duzentos anos. Eu nadava e nadava naquele rio/piscina negra, e na sequencia escalaria um muro de pedras negras e gotejantes para chegar até o palco do que agora era em enorme festival. O show começava e eu estava pelado. Começaria assim mesmo. Eu nunca havia feito isso. Abrir um show sem roupa nenhuma. Depois ia colocando a roupa aos poucos. Era impressionante. Mas eu me sentia poderoso. Me sentia como o exterminador do futuro. Outro elemento cômico, é que o Fernando aparecia com uma roupa para eu me vestir, lá para a quarta musica. Ele jogou a roupa para mim, e quando me dei conta, estava vestido de Batman... Ao acordar, a primeira coisa que me dei conta no quarto, é a biografia de Aleister Crowley que acabei de ler por estes dias e que tanto me inspirou a escrever versos para os discos novos que estou trabalhando e que em breve virão. Fiquei ligeiramente preocupado. Pois desde que terminei de ler este livro, praticamente todas as noites venho sendo surpreendido por este tipo de sonho. Ele, o livro, está posicionado de um jeito que sua aba aponta para o meu plexo, enquanto durmo em minha cama. Talvez se eu trocá-lo de posição e apontá-lo para a porta, a posição dos sonhos também mude. É chato pensar nisso, mas toda vez que vou dormir e apago as luzes ficando na escuridão total, eu sinto a sua presença lá. Bom sou um psicólogo formado, e treinado na arte de interpretação dos sonhos de Freud. Também sou adepto do método de desconstrução da semântica das palavras utilizado por Lacan. Ao escrever esse breve relato de meu sonho, chego a conclusão de que tudo faz em alguma instancia, um breve sentido. Estou trabalhando 24 horas por dia, sete dias na semana nesse filme. O filme é a história de um Serial Killer. No filme contamos com alguns pedaços humanos reais, emprestados da escola de medicina. Isso explica a caveira na capa do DVD onírico. Ainda para o filme, fizemos um shooting das atrizes amarradas em um porão escuro. Estamos trabalhando intensamente na finalização dessas fotos, e eu em breve postarei algo por aqui. Isso explica muita coisa. Quanto as plantas carnívoras, creio que seja algo que tenha haver com as práticas masturbatórias do cotidiano. Pois geralmente quando estou envolvido em um trabalho intenso, como a produção de um disco ou de um filme, eu suspendo essas práticas que é para não haver nenhum tipo de desperdício de energia libidinal, resultando em um bloqueio criativo. As plantas, ou monstros gigantes, com a circunferência de suas bocas infinitas, são o desejo e o impulso sexual reprimido vindo `a tona nesses momentos de privação. Eles querem me engolir e me ameçar. A mulher do telefone não seria nada mais do que a repetição automática do dia-a-dia no trabalho. Editar, editar, editar, montar, editar, mixar, mixar, mixar, montar...etc... (essa tem sido a minha realidade nos últimos meses). Comecei a trabalhar na produtora de vídeo e publicidade, “ Nomadis “ de um ano para cá e desde então muita coisa mudou. É por isso que quando estou nadando pelado no meu sonho, meu amigo grita para mim que eu não posso fazer o que eu quero. Ele me explica que, pelado, as pessoas não vão me aceitar. Não serei escalado para os trabalhos que quero fazer. Tenho que me vestir como eles querem que eu me vista. É chato, mas é real. Quero dizer, bem vindo ao mundo real Erich Eichner. A conclusão é bastante simples. Meu mundo onírico, o meu inconsciente, não está fazendo nada mais do que uma projeção distorcida do ambiente de trabalho do mundo consciente. No sonho tudo acontece em um formato digital de DVD. O tema do cinema, está impregnado em cada elemento desse devaneio no escuro. Não se trata de imagens surreais, trata-se de material para um filme surrealista. É claro que a obscuridade das imagens inconscientes perturbam de início. Parece um pesadelo. Mas ao relatar a vocês essa análise, vejo que isso não passa de um sonho comum e da forma como no meu íntimo, eu enxergo a minha própria rotina dentro da produtora. Tenham todos um bom dia.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

O príncipe das possibilidades

Hoje eu acordei deprimido e devastado pelos sonhos desta madrugada. Sonhei com figuras geométricas estranhas e um enorme triângulo. Já não sou mais o príncipe das possibilidades que fui um dia. Não sei mais o que eu sou. Para não me render ao ócio da insônia resolvi escrever aqui. Semana passada Fernando e eu fomos até Curitiba e participamos de alguns programas de Tv. Nós falamos sobre jovens que são atacados por psicóses e sobre o meio ambiente. Eu sempre fico meio sem graça nessas situações, vocês podem ver pela minha cara de cu nesse vídeo. http://www.youtube.com/watch?v=9mbRa1_M_Sc , Mas de qualquer maneira, foi uma conversa descontraída e o apresentador Alexandre Xaca é cara bastante interessante e boa gente. Antes de darmos início ao programa,(que aconteceu na Tv Transamérica) conversamos em Off sobre a Nova ordem da Internet e sobre música, em especial "Electric Fire" do Black Sabbatth, música que ambos gostamos de tocar com a guitarra. Bom falando em música estou trabalhando em quatro composições diferentes e simultâneamente. Uma delas ainda me é intrigante, pois estou muito na dúvida sobre a sordidez de seu conteúdo. Trata-se da história de um estudante de medicina que passa a ter um caso com a enfermeira, então todas as noites ele vaga rumo ao desconhecido até a ala de emergência para fazer sexo com sua amada, que por estar acostumada a lhe dar com as necessidades dos doentes e dos moribundos, se apresenta como uma mulher que não tem o menor pudor com nada. Vocês sabem, uma pessoa sem escrúpulos. O nome da composição seria "Sexo no hospital", e ela faz parte do 4 disco da Maldita (com data prevista para o ano que vem) mas ainda estou na dúvida quanto a este título. Pode ser que até ela ficar pronta eu encontre um título mais sutil. Alguém tem alguma opinião? Outras duas músicas que estou trabalhando são "freelances"; uma é trilha sonora de um vídeo editorial da Vogue Nyc, com uma modelo vestida de Frida Calo. Para esta, estou fazendo uma espécie de Tango (apesar de a Frida ser mexicana), mas o que prevalece é o ritimo "Caliente" latino. A terceira música é um lance para a copa do mundo. Vocês sabem; analogias entre os campos e a vida sexual conturbada dos jogadores. Eu sou apenas o produtor e o cara da mixagem dessa. Como se não bastasse também estou compondo uma nova faixa da CONTRA. Algo que me lembra uma música do Iggy Pop "I wanna be your dog", embora a intensão seja bastante diferente. Caixas de analgésicos vazias formando pilhas que preenxem as gavetas do armário. Não existem mais noites tranquilas, ou dias ociosos. A música e o trabalho estão me matando. Não consigo meditar, não consigo fazer exercícios, não consigo para de criar novos mundos aonde eu acho que posso fazer o que quero. Você também não faria o mesmo?

sábado, 12 de janeiro de 2013

Este blog está temporariamente fechado pois estou trabalhando em um livro de contos que contém parte de seu conteúdo. Por hora o que posso dividir com vocês é seu título e alguns de seus capítulos; O título será algom em torno de "Contos da Nova Ordem". Já tenho três contos prontos. Estes são: 1# Pecador original 2# A Mara da noite 3# Os subúrbios Os outros quatro contos ainda estão em processo de desenvolvimento. Por hora é só. Abraxas.

domingo, 22 de janeiro de 2012

A carne do ventríloquo

O caso de Paulinho começou com um estranho hábito de comer lêndias e piolhos. Então lá estava aquele garoto coçando a cabeça com tanto vigor que chegava a deixar feridas. Ele puxava as lendias e as enfiava na boca com cabelo e tudo. Depois de um tempo, o comedor de piolhos acabava puxando as cascas que se formavam em seu couro capilar, decorrente das feridas e as comia também.
Ele se senta no restaurante sofisticado e pede pasta de aspargos para saborear. É uma reunião de negócios com dois sujeitos estranhos representantes de lojas de brinquedos. Um deles se senta com um boneco de ventriloquo sobre a mesa e o outro tem os braços e o pescoço presos por cordas suspensas no teto, é um marionete de carne.
Discutimos sobre a bolsa de valores e o Pib. O ventriloquo entende tudo sobre brinquedos. Também tem uma fraqueza por prostitutas negras. Ele vai bebendo todo o wisky que seu condutor pede. É impressionante. O sujeito pede uma dose de wisky com soda e quando o garçom deposita a bebida em cima da mesa, o boneco agarra o copo e vira tudo de uma vez. Depois ele manda o seu condutor pedir mais uma dose e calar a boca.
A medida que o boneco vai ficando bêbado ele começa afalar que na verdade odeia a indústria de brinquedos e que o plástic o está deixando broxa. Ele enrola a língua e fuma cigarro. Seu condutor, se é que pode ser assim chamado, fica a reunião inteira quieto com seu braço enfiado no cu do boneco. Ele apenas come uns espetinhos de carne e pede bebidas.
O boneco está totalmente alterado, se diz um gênio do Busines e fala que já comeu mais de mil mulheres. Ele também fala que é um grande torcedor do Fluminense e em sua mansão no Joá tem um quadro estilo vitoriano do Renato Gaucho. Paulinho e o marionete ficam apenas observando enquanto o boneco fala sem parar.
- É que vocês sabem. Eu sou o cara. Eu mando nessa cidade. Rio de janeiro? Ha...? Eu quero esculachar. Eu sou o cara. Vocês tinham que ver. Já fui casado nove vezes.
Chega o prato principal e o marionete fica meio desajeitado com o talheres. O garçom percebe o desconforto e pergunta se ele deseja que alguém lhe dê de comer. O marionete aceita e o garçom se retira.
O boneco continua a falar apontando para seu condutor :
- Ele aqui. Não faz nada. Fica ai que nem mosca morta com o dedo enfiado no meu cú. Não é fácil ser boneco de ventríloco não. Eu sou impulsivo, eu sou a má consciência desse imbecil. Eu sou o cara que arrisca nosso patrimonio, e o cara tem a intuição para os negócios. Ele apenas assina os contratos e preenche os cheques. Não é verdade Leopardo?
Leopardo fala sua primeira frase da reunião:
- É verdade.
- Eu estou dizendo para vocês. É batata. Um milhão, dois milhões, trinta milhões, tinha que ver quando eu não tinha nada. Era apenas uma alma vagando pelos becos dos suburbios. Nem essa merda de corpo de pano eu tinha. Ganhava dinheiro apertando baseados para um traficante que não tinha mãos.
Nesse momento uma mulher muito elegante aparece do outro lado do salão. Todos ollham para ela impecável. Seu decote reluzente como uma armadilha que mantém os espíritos presos entre os dois mundos. Seus olhos verdes ligeiramente puxados como uma gata japonesa que impede as almas de evoluirem eu seu ciclo natural. Magra e de porte muito fino ela dá uma tragada em sua cigarrilha e vai andando em direção a mesa onde está acontecendo a reunião. - Caralho que gostosa! Diz o boneco.
Na mesa de trás, um senhor se levanta para receber a moça. Deve ser seu pai. Com certeza é o pai da mulher sim. A poucos minutos eles falavam sobre uma comemoração de setenta anos da família. A japonesa armadilha de espíritos era a filha mais nova.
O boneco fica mesmerizado com o desfile da jovem:
- Que é isso? Estamos no Fashion week agora? Olha o porte dessa moça. Quero comer ela.
Leopardo, o condutor de carne fica aparentemente nervoso, ele já conhece seu patrão e sabe como isso vai terminar. O marionete continua se enrolando com os talheres. Paulinho aproveita o momento de distração dos sócios para puxar uma casquinha da cabeça e a enfia direto na boca.
- Ei gostosa, quer assistir as corridas de cavalos comigo amanhã no Jockei?
A garota ignora o boneco de pano que fica falando palavras sem sentido com língua enrolada. Ela apenas da uma risadinha discreta e vai se juntar aos seus parentes na mesa de trás.
O condutor fica aliviado. Geralmente é ele quem tem que resolver as merdas que seu boneco de ventríloquo faz.
- Mas me diga senhor Paulo. Como vamos fazer para evitar que os lagartos engulam os bonecos. Os prejuízos gerados pelos acidentes vão nos custar uma fortuna.
Uma segunda mulher vem andando na direção da mesa. Ela foi encomendada pelo garçom para dar de comer ao marionete. A moça também é bastante atraente, usa um avental que a faz ficar parecendo com uma enfermeira de filme pornô. O boneco de ventriloco fica babando os peitos dela enquanto o Marionete tenta conciliar o seu apetite com a sua ereção. Necessidades da natureza humana que são antagonistas entre sí.
O ventríloco fica oferecendo jóias e carros para a moça que enfia a colher na boca do Marionete. Esse boneco verde e decadente é persistente:
- Sabe boneca, eu gosto mesmo é da Golden Shouwer. Você pode mijar na minha cara a noite inteira que meu condutor de carne não se incomoda. Você é daquelas que tem caninos brancos na vagina? Adoro caninos brancos na vagina, sabe? Pum Pum, tá tá, Pow! Entende? Eu quero esculachar!
Marionete constrangido com o comportamento do sócio, concentra-se em Paulo que tenta ser discreto ao tirar uma lendia de trás da orelha e come-la. Marionete fica sem palavras. Com a cortesia de um lord inglês ele finge que nada daquilo está acontecendo:
- O que você está comendo Paulo?
- Piolhos...
Os dois ficam se olhando como se fossem dois pistoleiros do deserto, porém, um pouco mais apáticos que Billy the Kid.
- Eu me referia ao prato que você escolheu no menu.
- Há... Sopa. Eu gosto de sopa... para lagartos.
A mulher gostosa enfia um garfo com um pedaço de vitela na boca do Marionete. O movimento deixa sua boca suja e ela se apressa em limpa-lo com um guardanapo. O ventríloco aperta sua bunda. Ela lança um olhar sacana para o condutor de carne. Será que as pessoas sabem que ele é uma coisa e o boneco é outra? A mulher se senta amassando o boneco que apertava sua bunda. A cena fica um pouco grotesca. Um homem com a mão enfiada na bunda de um boneco que está enfiado na bunda de uma mulher, que enfia uma colher de arroz na boca de um outro homem que está pendurado no teto.
- Mais um Wisky Por favor.
Quando todos se recompoem, o boneco volta para mesa, com um de seus olhos saltado para fora.
- Merda, essa puta me amassou com sua bunda enorme.
- Puta não oh bonequinho. Olha o respeito comigo. Eu estou super aturando suas escatologias e brincadeiras de mal gosto.
- Desculpa. Desculpa.
O wisky chega e o boneco bebe. Ele se engasga e o cheiro de álcool sai pela cavidade do seu olho saltado. Fica falando sózinho coisas sem sentido. O condutor se aproxima da moça e fala discretamente:
- Mais umas duas dessas e ele dá PT.
- Graças a deus.
Mas o boneco tinha outros planos.
- William, me leve até o banheiro. Preciso vomitar. A noite ainda será muito longa.
William se levanta e os dois vão andando até o banheiro. O boneco alucinado sai falando com todo mundo. Todos os homens ele chama de filho da puta e todas as mulheres e chama de gostosa.
- Você trouxe o meu viagra, William?
- Sim senhor.
- Ótimo! Essa noite eu quero esculachar!

O negócio é fechado com sucesso.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Como nascem os anjos (Pt1)



Em tudo nessa vida, é necessário que se encontre um ponto de estabilidade psíquica ou espiritual. Para se atingir esse tipo de insight é preciso ter a mesma precisão de um médico ao realizar uma cirurgia, é necessário estar sempre atento para captar aquilo. Seja escovando os dentes, ouvindo música, dirigindo seu carro ou trepando, aquilo não acontecerá se você não estiver prestando atenção. Muitas coisas acontecem quando estamos desatentos, a vida é cheia de coisas, mas para captar aquilo é necessário estar constantemente olhando para dentro de si.
Falaremos aqui sobre o adestramento, a capacidade de subjacente a um sintoma encontrar uma idéia fixada e obsessiva de si. Os testes com a nova substancia ZKY-12 nos permitiram observar que com o uso diário da substancia mais o seus efeitos que chamamos de reforços positivos, como liberação de serotonina, dopamina, noradrenalina, o individuo R. foi condicionado a acreditar que não é apenas “um” indivíduo.

Se masturbar, é como fazer qualquer tipo de exercício. Seja malhar, meditar, ou treinar artes marciais, deve ser sempre praticado com muita disciplina. Conheço um cara que tomou tanta bomba que teve tumores nos bíceps, e seus testículos estouraram.
...E então, eu gozo. Uma onda de adrenalina misturada co serotonina toma conta do meu corpo que fica a se debater espasmodicamente. O caralho fica entumecido com uma marca roxa, os sentidos estouram como fogos de artifício se espandindo para alem do estagio consciente as pupilas se dilatam o peito se enche de ar sou capaz de distinguir no tapete o odor dos restos de comida no chão misturados a outras gozadas alhures e água sanitária. Me jogo na cama e fecho os olhos, no canto dos ouvidos posso ouvir da casa de um dos muitos vizinhos os uivos melancólicos de um cachorrinho.

A disciplina da carne deve ser exercida diariamente e somente quarenta minutos por dia, mais do que isso seria um disperdicio de energia física e psíquica e conseqüentemente suas células começariam a morrer.

Um jovem de cerca de vinte e sete anos se levanta de sua cadeira, e conta sua historia triste. Rafinha tem tatuagem nos braços e usa boné, conta que ficou tetraplégico, não conseguia mais andar, não conseguia mais trepar, seus amigos não o viam mais, ninguém mais ouviu falar de Rafinha, e ele virou um bêbado da rua augusta.
- Meu, eu passava o dia inteiro com com a minha cerveja heiniken keg Holanda e um maço de Marlboro na mão ouvindo umas mp3 do Led Zeppelin.
Na TV, inter de Milão e Manchester empatam. Um viciado em cocaína chamado Rony chora quando sai do banheiro e se depara com a face da decadência humana; Um puteiro regado de japonesas extraviadas de um curso de sushi por proxenetas do bairro da liberdade, um bêbado entorpecido de Viagra caído no chão com o pau duro pede uma ambulância e todos, principalmente a menina que estava com ele tocam suas vidas como se nada acontecesse, um tetraplégico assistindo um jogo de futebol na televisão com uma figura que aparentemente sofre de elefantíase no rosto. O traficante local foi preso na semana passada, e nessa sexta feira muita coisa mudou ali na balada. Ninguém precisa se olhar para saber, e mesmo que fosse preciso um contato visual para perceber a atmosfera ninguém olharia para a dupla que assiste ao jogo, pois eles são a face da estagnação humana, uma estrela cadente que caiu cedo demais, ou um homem que fez a oferenda errada a um semi-deus.Em algum lugar, provavelmente no juic Box, toca “Stairway to heaven”

_ “Theres a feeling i get when i look to the West
And my spirit is crying for leaving
In my thoughts I have seen rings of smoke through the trees
And the voices of those who stand looking

Ha um seminário na Usp de São Paulo sobre o caso de como Rafinha voltou a andar. Um professor de parapsicologia disserta sobre o caso em um auditório de cerca de duzentos estudantes.
Ele queria uma coisa da vida, meu corpo queria outra. Como resolver essa equação carnal? Como fazer para curar essa doença terrível do espírito? Ninguém sabe ao certo como, mas Rafinha voltou a andar. Com uma dieta de comida vegetariana, sucos de fotosíntese e maconha, um dia ele voltou a andar. Todos nós sabemos o que aconteceu. Ele encontrou aquilo. Alguns dizem que um dia foi a uma banca de jornal comprar uma revista pornô, e leu na contracapa um anuncio de um curso de kama Sutra. As aulas eram dadas por um iniciado de sexualidade meio duvidoso metade índio metade árabe, que lhe ensinou as palavras mágicas e as disciplinas do corpo para despertar Kundalini, a serpente d’água, malte de cevada, lúpulo, e levedura A.

domingo, 13 de novembro de 2011

Kayne west; A maior farsa do show business

Na pior das hipóteses, não é possível confiar em uma só palavra que esse cara diz. Como isso foi acontecer? Ontem fui ao primeiro dia do SWU na cidade de Paulínia (Não sei exatamente por que eu fui nesse dia, provavelmente para prestigiar os meus amigos da Groove) e me deparei com o show desse cara, que segundo suas próprias palavras, se considera uma figura bíblica, possívelmente também uma figura pagã, um Semi Deus. De fato, seus crimes contra os direitos autorais de outros artistas póstumos e seus delírios megalomaníacos fazem desse homem de 34 anos se comportar como um sátiro.
O dia começou estranho. Muito estranho. Caminhando pelas ruas de São Paulo, topei com uma sujeito discreto, óculos escuros e chapéu coco que por muito pouco não esbarrou no meu ombro. Era o Ringo Star. Legal, pensei, acabo de cruzar um homem que seguindo por esse mundo sem raízes dividiu longas horas de sua vida com John Lenon. Eu, um cara errante, cheio de energia acumulada que poderia muito bem estar bêbado a essa hora do dia, tropeçar em cima dele e ter todos os meus dentes esparramados no chão pela frota de seguranças que escoltavam o Beatle menos reconhecido.
A noite, já no festival, outra baterista importante em linha cruzada com a minha vida, o do System of a down. Esse, eu tive a oportunidade de comprimenta-lo, mas... como as pessoas importantes não querem saber de mim, ele nada fez além de falar um bando de piadinhas sem graça e ficar babando sobre os peitos da minha namorada. Esses caras são de outra raça. Steve Jobses, Ringo Stares, John Lenons, Kayne Westes, bateristas do SOAD. Mas se por outro lado, eu me der o luxo de pensar e refletir que esse cara também deve ter um nome, e eu apenas sei que ele toca bateria ... Isso torna justa a situação.
Após uma longa batalha contra antigos espíritos do mal e amuletos vodus consegui chegar a tenda aonde me foi possível entrar em contato com a quinta essência da arte que é a música do Kayne.
Algo confirmou que meus instintos estavam certos quando, toda vez que eu ouvia esse cara cantando com aquele autotune infernal, eu pensava em merda. Dessa forma, lá fui eu, rumo a um horizonte desconhecido assistir a apresentação, para, ao menos, ter uma opinião precisa quando for dizer algo sobre Kayne West, um homem de 34 anos, que segundo suas próprias palavrasdespreparadas afirma que, se a bíblia tivesse sido escrita hoje, seu nome certamente seria mencionado nela.
O cenário do palco é o seguinte; Uma imagem em estilo clássico com diversas figuras angelicais e mitológicas todas embrenhadas como que para saudar o homem ali se apresenta e fica duas horas cantando sobre os nomes que ele dá para suas armas, os apelidos que ele dá para suas namoradas, o flerte com a menina na festa de ontem a noite em Los Angeles, os carros que tem e que pretende comprar e roupas da Nike que brilham no escuro. Tudo tem a ver com a o fundo de palco barroco. Eu disse cantar? Não sei por que tive a impressão que quando eram utilizados aqueles efeitos de voz tratava-se de um playback. Antes dele aparecer no palco, um coro ensurdecedor de anjos seguidos por um som de órgão sintetizado no volume máximo, sugeriam o renascimento do Nosso Senhor. Algo épico. Para aquelas almas que acreditam nesse homem, o Sublime.
Ali, no meio daquela gente, entre Bibis e Betos Lees, me sentia uma ovelha negra. As roupas do pública brilhavam. As minhas e as da minha trupe eram todas escuras. " Não vai demorar muito para que percebam isso e matem um de nós" eu disse para o Magrão. Então o Kayne West seguiu cantando coisas que eu não conseguia identificar e como a cerveja estava muito agradável, e liberada, fui ficando mais animado e otimista. Então uma pausa dramática e a apresentação volta com nada mais nada menos que a música do Queen. O dj executa "we will rock you"' em tempo integral enquanto o ídolo fica parado de frente para a multidão com algo de arrogante no rosto captando as vibrações. O público? O público naturalmente que foi ao delírio. Você está no meio de 60.000 pessoas e toca aquela batida do Queen com a voz angelical do velho Fred cantando a todo o vapor, quem não vai entrar em transe? Quem não vai gostar? Quero dizer, ou esse Kayne West é jovem inteligente ou um farsante veterano, pois "What da Fuck" tem a música dele em comum com a do Fred Mercury? Para começar que esse cara deve ser homofóbico, como a maioria dos rapers americanos são. O povo fica louco. E não adianta dizer que é o mal dos trópicos. Não. O povo fica louco pelo mundo afora com essa incoerência.
Pra fechar com chave de ouro perto do final, outra pausa dramática e... o Dj ataca com "Chariot of Fire" sabe aquela música que se tornou um símbolo de esperança e equidade para as pessoas portadoras de necessídades especiais. Uma música composta por Vangelis, um sujeito pioneiro no new wave e na música experimental entre os anos 70/80. Será que o cidadão Kayne realmente gosta desse experimentalismo quase erudito do Vangelis? Talvez ele esteja mais interessado em ser visto pelos olhos do mundo como uma semiótica do sentimentalismo e de esperança, mal que, segundo os gregos permaneceu aprisionado na caixa de Pandora. Para melhorar, rolou um balé enquanto tocava a música e ele ficava olhando para as dançarinas com um misto de ignorância e confiança no rosto. Dentro de meu sarcasmo, e de minha cerveja, fiquei imaginando um balé de cadeirantes todos rodopiando e derrapando em meio ao Jesus Cristo negro que no final estendem juntos suas mãos para o céu, e milagre, os cadeirantes se levantam, chutam suas cadeiras velhas e começam a dançar Break em torno do Messias da música pop.
Na moral, esse cara é a maior farsa que eu já tive a oportunidade de assistir no Show Business. E quem acredita nele, porra, francamente... Nota do show 1.5

Show - 0.0
repertório - 0.5
Comportamento (0 meu) 8.0
Cerveja - 10