quarta-feira, 16 de junho de 2010

A mulher azul

Ok. Um cafézinho, uma garrafa de tequila com quatro copinhos, dois do metrô de Nova York, dois com as esfinges do Cairo, dezesseis cervejas New Castle um elefante com os tônus musculares entumecidos por exercícios de pompoarismo masculino e um coma induzido. O sonho é ótimo, a queda é constante. Vejo enormes seios descomunais que me afagam e me sufocam como um bebê que sofre de doenças congênitas, e que com certeza vai nascer com distúrbios de atenção e de memória. Tudo lindo. Eu sou o bebê. Eu sou o bebê, e eu quero o que me pertence, quero os meus peitões. Um bebê indefeso nos braços da moça mais linda. Um bebê que flutua no ar azul da depressão pós-parto. Dizem que se chama depressão azul. E sou um bebê que ama a mulher azul, a mulher magra com os peitos enormes, os cabelos curtos e negros, a pele branca. A mulher azul. Ah, como eu amo a mulher azul. Desculpe mãe, mas você vai ter que morrer, pois no meu coração recém nascido, só existe lugar para a mulher azul. Nós vivemos um caso de amor, eu chupando o peito dela, alimentando meu corpo e a minha mente sequelada, ela descobrindo os dotes de ser mãe, de ser mulher, de ser capaz de cuidar, proteger e ser amada.é claro que aonde existe uma relação dual, tão perfeita quanto essa, sempre haverá um recalcado, um complexo de Édipo para atrapalhar, um monstro. Mais precisamente chamado de bicho papão. Ele mora debaixo da cama, é e assustador, gordo e grande, a pele esverdeada e grudenta, com sua risada maléfica e sinistra. Sergio , o mostro glutão que quer comer todos os bebês. Mas a mulher azul me protege como uma vez eu a protegi do mesmo monstro. Não que ele seja um monstro mal. Diferente de Tibério Nero Cezar, imperador romano, sucessor de Augusto que também tinha o hábito de foder bebês recém-nascidos e depois jogá-los arrebentados em uma lata de lixo. O monstro contemporâneo tem bom coração e é altruísta quando pode, porém a seleção da espécie Darwiniana fez com que sua alimentação fosse à base de bebês para que ele (Criatura única de sua espécie) pudesse sobreviver. Houve a ocasião em que a mulher peitão azul, foi descuidada, e ele me encontrou. Agarrou-me nas pontas de suas unhas enormes com cheiro de bunda de bebê ainda reminiscente, e passou sua vista envidraçada por meu corpo de ratinho, seus óculos embaçados de tanta excitação, o cheiro de criança. Fui examinado como um boi no canal rural (sábado 22;22 Pm) e logo na seqüência atirado de novo ao berço com desdenho. Em seguida, ouvi sua risada de monstro com cheiro de enxofre misturado com maconha saindo pelas narinas, e sua vos dissonante dizendo com pouca distinção; - Esse bebê não é dos meus. E logo na seqüência; - Quero um bebe loirinho com a bundinha bem empinadinha. Com muito alívio, e poucas palavras, consegui pensar comigo mesmo, felizmente, não são todos os bebês que apetecem ao gosto do bicho papão. Agora finalmente posso voltar para ela. Que está a minha espera em sua cama. Este pensamento, faz com que a pequena protuberância que um bebê de seis meses com eu tem entre as pernas, se torne em um enorme e viscoso falo de homem. Como um corpo que flutua, ou como o éter que faz dançar eu pairo sobre o requinte dos requintes e quando ela, ao perceber minhas intenções de homem sobre a pele de criança, responde abrindo a perna. É uma sensação inexplicável para os sentidos. Especialmente para o olfato e a visão. Vejo uma planta carnívora abrindo suas mandíbulas e eu como uma mosca que come merda e não vê a hora de morrer me entrego ao caos. A boca negra do espaço vazio, aquele que deu a origem ao mundo, aquele que os do oriente próximo chamariam de flor de Lótus, e que o do ocidente chamaria de coisa ruim. A boceta, o pecado, o gozo escarlate da mulher azul, a passagem consciente de criança para homem, de mãe para amante, a criança amante e a mãe homem, a mulher que em outra vida foi homem, o homem que em outra vida foi cachorro. O número quatro. O número da perfeição. O número de apoios de um cão. O número mais que bom para uma noite de muito prazer comendo comida japonesa. O número anterior ao cinco (Hierofante) o Número do dia em que o bebê virou garoto, e o garoto virou homem. Na seqüência linear; 4/5/6. Sinto a sensação brutal do prazer, lembro da história do homem que falava com o cú, sinto os espinhos das suas costelas, e o desejo de dizer à mulher azul, algo que custou os primeiros cinco meses de vida do bebe para serem ditos; Eu te am....... – ARRUMAÇÃO! Arrumação? Arrumação!? E o cachorro de cinco centímetros volta a latir, e os carros voltam a passar, e o pássaros voltam a cagar e vejo o amor da minha vida se esvair pelos meus braços batendo com raiva e força as portas do meu inconsciente se fechando. Acho que ela nem gozou...ficou puta, ou no mínimo chateada. Eu também ficaria. A megalocéfala, oligofrênica moderada da arrumadeira interpreta o meu silêncio prostrado como um ok, e saca o chaveiro para invadir o quarto. Seleciono o livro mais pesado ao alcance das minhas mão fracas ainda pela vigília, e ao ver seu rosto desfigurado brotando como erva daninha indesejada, arremesso com tudo o manuscrito que leva o nome de Aurélio em cima dela, que responde a agressão com um berro de espanto e indignação. – Vai se foder você, sua puta! Ficar destruindo os sonhos dos outros. Já não basta eu que vivo me sabotando e me auto destruindo, vem vocês dessa porra de serviço de hotel estragar um dos melhores momentos da minha vida. Chama a porra do gerente. O Papa teria feito o mesmo. O telefone toca. Mas esta é uma das velhas manobras que aprendi muito cedo, nos tempos em que ouvia o som de Tim Maia. Basta tira-lo do gancho, e como uma mente psicótica, imaginar que seja lá quem quer falar o que com você, já não existe mais. Simples assim, afinal das contas, dentro de um hotel duas estrelas e meia, dentro de uma churrascaria ou de uma sauna gay ( embora eu ainda não tenha estado em uma) não é preciso nem ter a mente próxima aos estados pródromos que antecedem a psicose para se sentir o papa.

3 comentários:

  1. Não se destrua tanto, se não podes realmente conseguir. Sem hotel, sem história.

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  2. A paranóia é uma atração tão delirante...
    Assaltar parece ser algo excitante.
    A vida é algo realmente importante,
    mas se importar nem sempre é tão interessante.

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