quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Os suburbios (pt1)

Estávamos investigando um caso de homicídio. Nos tempos em que vivemos hoje homicídios são coisas que passam desapercebidas, porem este, era um caso diferente. Segundo testemunhas um homem marcado havia matado um homem do governo e as autoridades tinham o dever de mostrar que estavam fazendo algo, então nos mandaram para bairros suburbanos e nos instruíram que se não encontrássemos nenhuma pista era melhor não voltar para a corregedoria. Meu nome e Saulo e este é meu parceiro Tarso, somos detetives a caminho de nosso dia do juízo final. Desde o dia da nova ordem mundial dois seres humanos penetrarem os subúrbios deste pandemônio de cidade é uma sentença de morte. Mas nós éramos durões, e estávamos armados.
- Para aonde nó vamos senhor?
- Vamos pela linha vermelha. Mas antes encosta naquele posto. Preciso comprar uma garrafa de Whisky.
- Burbon, senhor?
- Nada. Do jeito como as coisas estão, vou ter que beber o Titchers.
- Excelente escolha senhor, para uma missão suicida...
- Ah, vai se foder.
Eu adoro meu parceiro, nós nos xingamos o tempo inteiro e também já acertamos as contas com o crime muitas vezes juntos, se é que vocês me entendem. Mas quando a ordem era de prender ou matar, seguíamos a lei cegamente como um inseto é atraído pela luz.
Bebemos metade da garrafa do Titchers e chegamos em Madureira. O whisky já me deixara mais corajoso e a arma se posicionava o tempo inteiro ao alcance da mão. Estávamos tensos, aquilo era terra de ninguém.
Havia um cara que ligou para o disque denuncia, dizendo que conhecia alguém que testemunhou o crime, um parceiro que se sentiu traído talvez e que estava disposto a servir de informante para a polícia. Concordamos de encontrá-lo em Madureira, pois de lá ele nos levaria em um bar aonde estava o tal informante.
Encontramos o ser que fez a denuncia e ele era um crustáceo. Tipo de coisa muito comum aqui no Brasil após a nova ordem mundial. Eles dominaram as praias com suas barracas de pedras e suas garras metálicas. Se eu estivesse andando na rua sozinho, não pararia para falar com esse cara, o que não era o caso. Ele queria ajudar. Este andava sobre duas pernas, tinha uma cabeça enorme e fumava cigarro. Parece que o olfato dessa galera é muito bom e ele me perguntou se eu estava bêbado, então perguntei se ele era uma lagosta, coisa que eu sei que os ofende como um japonês que é confundido com chinês. Resolvemos nossas dissidências, e ele disse; - Vamos. Vou levar vocês até o informante.
Entramos em um clube de strip acompanhados do crustáceo até o bar aonde se encontrava o homem, e lá estava ele. Era um Liliputiano. Liliputianos são homens iguais aos seres humanos, mas com uma pequena diferença, eles medem em média vinte centímetros, ou seja, ele é do tamanho do meu sapato. Seu nome era Antonio terceiro e estava disposto a falar.
- Estive com uma garota que trepa com um desses paranormais conhecidos como a casta dos homens marcados. – Disse o Liliputiano.
- O caranguejo aqui disse que você esteve com um desses homens, e não que você fode a mulher dele, o que está acontecendo aqui?
- não, não, você não entendeu, é muito arriscado falar sobre isso dessa maneira.
Então coloquei a palma da mão aberta sobre a mesa e ele subiu. Em seguida, ergui a mão até meu rosto para que a conversa ficasse somente entre nós dois.
- Cuidado com sua respiração, ou vou acabar ficando bêbado.
- Pare de conversa e me conte logo o que você sabe sobre esse cara, não consta nos registros da policia que eles habitem o Brasil.
- Hum, você que pensa, existem vários deles no mundo todo.
O Liliputiano me contou que estava tendo um caso com uma prostituta que se apaixonou por ele e queria largar a vida profissional. Eles passavam muitas horas do dia juntos conversando sobre os dramas e os privilégios de sua profissão, e em uma dessas conversas, ela contou que possuía uma clientela muito especial, ligada a algum tipo de seita, e que nessa seita seres humanos evocavam um desses homens marcados e ofereciam a ela como reverencia para o “Semi deus” como eles o chamavam.
- Então há uma corrupção por trás dessa porra?
- Sim, sim, eram aristocratas de todas as fratrias; juízes, advogados, políticos, bicheiros.
-Sabe alguma coisa sobre a associação de trafico de bebês?
-Apenas que eles vem da Croácia.
- Entendo. E essa moça. Como se chama?
-Danielle. Ela trabalhava no circo. Mas isso não é tudo.

4 comentários:

  1. Direto dos confins do Rio de janeiro, Sherlock Drunk, sujeira, putaria, crustáceos e homens mínusculos.Ansioso por mais.

    Mas e o homem das tesouras, para onde foi?

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  2. Mas e o homem das tesouras, para onde foi? [2]

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  3. O homem das tesouras cortou o próprio pau.
    Mas ele vai voltar em algum momento.

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  4. Superfã de Christie, Doyle, Hammet, Bukowski -- ansiosa pela parte 2 já .

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